Benefício Emergencial (BEm): o programa que protegeu empregos e garantiu renda em tempos de crise

O Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm) foi um dos programas mais importantes criados pelo Governo Federal nos últimos anos.
Ele surgiu como resposta à crise econômica e sanitária provocada pela pandemia, mas se tornou um modelo de proteção social e trabalhista em períodos de emergência.

O BEm ajudou milhões de brasileiros a manter o emprego e a renda durante tempos difíceis.
E, mesmo após o fim da pandemia, continua sendo um instrumento legal que o governo pode reativar em situações de calamidade ou instabilidade econômica.


O que é o Benefício Emergencial (BEm)

O BEm é um benefício criado para ajudar trabalhadores e empresas em momentos de crise, quando há necessidade de reduzir a jornada de trabalho e o salário ou suspender temporariamente o contrato de trabalho.

O objetivo é evitar demissões em massa, mantendo o vínculo entre empregador e empregado enquanto o governo paga parte da renda diretamente ao trabalhador.


Quando o BEm foi criado

O Benefício Emergencial foi instituído pela Medida Provisória nº 936, de abril de 2020, durante a pandemia de Covid-19.
Posteriormente, foi transformado na Lei nº 14.020/2020.

Durante esse período, mais de 20 milhões de trabalhadores receberam o benefício, e mais de 1,4 milhão de empresas aderiram ao programa.

Mesmo após a pandemia, a lei permite que o governo reative o programa em novas situações de emergência, seja sanitária, climática ou econômica.


Objetivo principal

O principal objetivo do BEm é preservar empregos e a renda do trabalhador sem quebrar as empresas.
Ele cria uma solução equilibrada, em que:

  • O trabalhador mantém o vínculo empregatício;
  • A empresa reduz temporariamente custos de folha de pagamento;
  • O governo complementa a renda do trabalhador através do benefício.

Quem tem direito ao BEm

Têm direito ao BEm trabalhadores com carteira assinada (CLT) que tiverem o contrato de trabalho suspenso ou reduzido em acordo com o empregador, dentro das regras do programa.

Não têm direito:

  • Servidores públicos;
  • Estagiários;
  • Empregados domésticos;
  • Trabalhadores informais sem registro.

O benefício é voltado exclusivamente para quem tem vínculo formal ativo no momento da adesão.


Como funciona o programa

O funcionamento do BEm é simples e dividido em três situações possíveis:

  1. Redução proporcional da jornada e do salário
  2. Suspensão temporária do contrato de trabalho
  3. Reativação automática em novas emergências nacionais

Em todas elas, o trabalhador não pode ser demitido durante o período do acordo, garantindo estabilidade no emprego.


1. Redução de jornada e salário

Empresas podem reduzir a jornada de trabalho e o salário em 25%, 50% ou 70%, com duração máxima de 120 dias.
Durante esse período, o governo paga ao trabalhador parte da renda, com base no valor do Seguro-Desemprego.

Exemplo:

  • Redução de 50% no salário;
  • O governo paga 50% do valor que o trabalhador teria direito no Seguro-Desemprego;
  • O empregador paga os outros 50% do salário original.

Assim, o trabalhador mantém quase toda a renda e não perde o emprego.


2. Suspensão temporária do contrato

Em casos mais graves, a empresa pode suspender temporariamente o contrato de trabalho por até 60 dias.

Durante esse período:

  • A empresa não paga salário;
  • O governo paga o benefício diretamente ao trabalhador (de 70% a 100% do valor do Seguro-Desemprego, conforme o porte da empresa).

Micro e pequenas empresas (faturamento até R$ 4,8 milhões) pagam apenas 30% do salário;
Empresas maiores são obrigadas a pagar 30% do salário, e o governo cobre os outros 70%.


3. Estabilidade no emprego

Todo trabalhador que aderir ao programa tem garantia de emprego pelo mesmo período da redução ou suspensão.

Exemplo:

  • Se o contrato foi suspenso por 3 meses, o trabalhador não pode ser demitido nos 3 meses seguintes à retomada.

Isso garante segurança e estabilidade, impedindo demissões logo após o fim do benefício.


Valor do BEm

O valor é calculado com base no Seguro-Desemprego a que o trabalhador teria direito.
Em 2025, o valor médio do Seguro-Desemprego varia entre R$ 1.412 e R$ 2.313,74, dependendo da faixa salarial.

O cálculo segue esta regra:

  • Redução de 25%: recebe 25% do valor do Seguro-Desemprego;
  • Redução de 50%: recebe 50% do valor;
  • Redução de 70%: recebe 70% do valor;
  • Suspensão total: recebe 100% (ou 70% em empresas grandes).

Como solicitar o benefício

O trabalhador não precisa fazer o pedido.
Quem solicita é a empresa, diretamente no sistema Empregador Web, do Ministério do Trabalho.

Após o cadastro, os dados são enviados ao Ministério da Economia, que processa e libera o pagamento.
O valor é depositado na conta informada ou automaticamente na Caixa Econômica Federal.


Como acompanhar o pagamento

O acompanhamento pode ser feito pelo app Carteira de Trabalho Digital.
Basta entrar com CPF e senha Gov.br para consultar:

  • Valor da parcela;
  • Data de liberação;
  • Tipo de acordo (redução ou suspensão);
  • Situação do benefício.

Tributos e FGTS

Durante o período do BEm:

  • O FGTS e INSS podem ser suspensos ou reduzidos, conforme o tipo de acordo;
  • O tempo de serviço continua contando normalmente para fins de aposentadoria e estabilidade.

Ou seja, o trabalhador não perde tempo de contribuição.


Diferença entre BEm e Auxílio Emergencial

CritérioBEmAuxílio Emergencial
Público-alvoTrabalhadores formais (CLT)Trabalhadores informais e desempregados
PagamentoFeito pelo governo, com base no Seguro-DesempregoFeito pela Caixa, valor fixo (R$ 600 a R$ 1.200)
ObjetivoManter empregos e vínculosGarantir renda mínima
ExigênciaAcordo entre empresa e empregadoCadastro no app Caixa Tem

Os dois programas atuaram em conjunto durante a pandemia, cada um voltado a um público diferente.


Impacto social e econômico

O BEm foi fundamental para evitar o colapso do mercado de trabalho.
Durante sua vigência, o programa:

  • Preservou mais de 11 milhões de empregos formais;
  • Evitou fechamento em massa de pequenas empresas;
  • Garantiu renda contínua a famílias em todos os estados.

Estudos do Ministério da Economia mostraram que, sem o BEm, o desemprego teria atingido níveis históricos, superando 20%.


Exemplo real: a empresa que conseguiu se reerguer

Durante a pandemia, uma pequena confecção em Minas Gerais, com 18 funcionários, viu as vendas caírem 80%.
A proprietária aderiu ao BEm e conseguiu suspender os contratos por dois meses.

“Sem o programa, teria fechado as portas. O governo pagou parte dos salários e consegui manter todos os funcionários. Quando tudo reabriu, voltamos com força total”, disse Maria, dona da confecção.

Casos assim mostram como o programa foi crucial para a sobrevivência de empresas e famílias.


O BEm e os trabalhadores domésticos

Os trabalhadores domésticos com carteira assinada não estavam incluídos no BEm original, mas projetos recentes discutem a ampliação da cobertura para essa categoria em futuras reativações do programa.

A ideia é incluir babás, cuidadores e faxineiros formais, que também sofrem com crises econômicas.


O BEm em 2025: pode voltar?

Sim.
O BEm continua previsto em lei e pode ser reativado a qualquer momento pelo governo, caso haja:

  • Desastre natural (enchentes, secas, ciclones);
  • Crise econômica severa;
  • Emergência sanitária nacional.

Essa previsão dá flexibilidade para proteger empregos rapidamente, sem necessidade de nova lei.


Benefícios indiretos do programa

Além de preservar empregos, o BEm gerou efeitos positivos em várias áreas:

  • Evitação de falências em massa;
  • Redução de pedidos de Seguro-Desemprego;
  • Manutenção do consumo interno;
  • Estabilidade social em meio à crise.

Esses efeitos ajudaram a recuperar a economia brasileira de forma mais rápida e controlada.


O papel das empresas

Para aderir ao BEm, as empresas precisavam:

  1. Firmar acordo individual ou coletivo com os empregados;
  2. Comunicar o sindicato (em alguns casos);
  3. Cadastrar o acordo no sistema Empregador Web em até 10 dias;
  4. Manter o emprego garantido durante e após o período do benefício.

As empresas que descumprissem essas regras tinham que devolver os valores pagos pelo governo e indenizar o trabalhador.


BEm e sindicatos

Os sindicatos trabalhistas tiveram papel importante nas negociações coletivas.
Em muitos setores, como transporte, hotelaria e comércio, os acordos coletivos foram essenciais para definir percentuais de redução justos e proteger direitos trabalhistas.


Fiscalização e combate a fraudes

O Ministério do Trabalho e o INSS fizeram cruzamentos de dados com o eSocial, Receita Federal e Caixa para identificar fraudes.

Casos de acúmulo indevido, duplicidade de cadastros e falsos vínculos empregatícios foram suspensos automaticamente.
A transparência foi um dos pontos fortes do programa.


Dúvidas comuns sobre o BEm

1. O trabalhador precisa devolver o dinheiro depois?
Não. O benefício é indenizatório, não precisa ser devolvido.

2. O BEm conta para aposentadoria?
Sim, o período conta como tempo de contribuição, mesmo com redução de jornada.

3. Pode acumular com o Auxílio Emergencial?
Não, pois são programas diferentes.

4. O empregador pode demitir durante o BEm?
Não. Se demitir, deve pagar multa e devolver valores.

5. Preciso pagar imposto sobre o valor recebido?
Não. O BEm é isento de imposto de renda e não gera desconto de INSS.


O BEm e o futuro do trabalho no Brasil

O Benefício Emergencial mostrou que é possível conciliar responsabilidade social e sustentabilidade econômica.
Em tempos de crise, o Estado pode atuar rapidamente, protegendo tanto o trabalhador quanto o empresário.

Há discussões no Congresso sobre transformar o BEm em um programa permanente, reativado automaticamente em futuras emergências, sem necessidade de nova lei.


Importância do BEm para o Brasil

O programa mostrou o poder da cooperação entre governo, empresas e trabalhadores.
Sem ele, o desemprego teria atingido níveis recordes.
Com ele, milhões mantiveram o sustento e a dignidade.

O BEm também serviu como exemplo para outros países, que adotaram políticas semelhantes de compensação salarial.


Conclusão

O Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm) é um marco na história trabalhista brasileira.
Ele provou que é possível enfrentar crises sem sacrificar os trabalhadores e sem destruir as empresas.

Mais do que uma ajuda financeira, o BEm foi um pacto nacional pela sobrevivência e pela solidariedade.

Em tempos de incerteza, o maior benefício que um país pode oferecer é garantir o emprego e a renda de quem constrói a nação todos os dias.

Se um dia o país enfrentar outra crise, o BEm estará pronto — como símbolo de que nenhum trabalhador precisa enfrentar o medo da demissão sozinho.

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